
“O Encontro na Marina de Cascais, litoral de Portugal, era apenas para antigos Volkswagen com motores a ar e com participação do Clube da Vespa do Estoril. Eu e minha esposa Luciana fomos recebidos por Giovani Cavaglia, vice-presidente do clube. Ele pediu para eu colocar a minha Vespinha, ano 1966, recém restaurada, entre as outras ‘italianinhas’. Para minha surpresa, Hugo Carvalhal, criador da página “GoVespaPT” – pediu para tirar uma foto e disse que iria publicar a imagem na internet. Foi dessa forma que a Piaggio Vespa de um brasileiro ganhou notoriedade entre os aficionados pelo icônico veículo em Portugal e pelo mundo”, contou, orgulhoso, Alexandre Nunes, 49 anos, que desde 2016 vive com a família na terra de Pedro Álvares Cabral.

Nunes trabalhou 26 anos como mecânico de aeronaves e é um apaixonado por música e antigomobilismo, com um sentimento especial, até então, pelo Fusca. O pai era dono do sedã da VW, que também foi seu primeiro carro. Nunes teve dois Fuscas: um 1969, todo original e até com manual de proprietário; e um 1985, Série Especial Copa.
Em busca de novos horizontes, Alexandre Nunes fez o caminho inverso de Cabral. Mas antes de cruzar o Atlântico, o paulistano sentiu um aperto no coração por ter de vender o pequeno “besouro”.

Vespa, uma nova paixão
Quando chegou em Portugal tentou encontrar um Fusca antigo para restaurar. Porém não tendo encontrado uma oficina para o restauro e muito menos um lugar adequado para guardar o veículo, o projeto foi inviabilizado.
Hoje o brasileiro vive em Oeiras, no litoral português, que fica a apenas 15 quilômetros de Lisboa. Trabalha na construção civil fazendo pequenos restauros e remodelações de imóveis. E foi por meio de seu novo ofício que surgiu a ideia de restaurar o modelo de duas rodas que surgiu durante a II Guerra Mundial.

Executando um trabalho de restauração em um imóvel no centro histórico de Braga viu uma oficina de motos chamada “Ciclo Igreja”, com cinco Vespas antiguíssimas na porta, todas aguardando restauração. Curioso, Nunes foi conhecer a “fábrica de sonhos” de onde saem restauros com alta qualidade, que poderiam ser expostos em qualquer museu de motos do mundo.
“Comecei a frequentar a oficina e fiz amizade com Luciano Igreja, dono da restauradora e diretor do Clube de Vespas do Minho. E, também, com Jorge, filho de Luciano, que é mecânico e restaurador destas ‘macchinas’”, relembra Nunes sobre o início da amizade com os Igreja.

Restauração dentro de uma ‘catedral’
Nestas idas e vindas pela “catedral” da restauração de Braga, Nunes resolveu iniciar, ali, na Ciclo Igreja, uma linda história de amor. E com um belo final feliz, claro!
Depois de garimpar por cerca de três meses na internet, Nunes encontrou um exemplar, ano 1966, com a lataria amassada, podre e totalmente desmontada. “Como tinha a ideia de restaurar o modelo 50s de forma totalmente original fui em frente e adquiriu aquela montoeira de peças. Não perdi tempo e levei as caixas para a Ciclo Igreja”, lembra Nunes.

Jorge Igreja foi o responsável pela a restauração da Vespinha. O minucioso trabalho começou em março. E a data do renascimento oficial é 25 de julho. Com sua Vespa 1966 50s impecável, Alexandre Nunes foi convidado para fazer parte do Clube de Vespas do Minho, da cidade de Braga. Hoje usa com orgulho o escudo da irmandade fixado em sua jaqueta jeans.

Da ferrugem a Vespa zerada
Da estrutura fabricada em chapa foi trocado o assoalho. O escudo dianteiro foi alinhado e desamassado, a lateral traseira esquerda também passou pela funilaria e o paralama dianteiro substituído.

Todas as peças em chapa foram jateadas, dado fundo e três demãos de tinta. As partes inferiores e internas receberam tinta ‘bate pedra’, a mesma utilizada nos automóveis. Peças como pinça de freios e parafusos foram metalizadas. Para recuperar aquele ar nostálgico, a Vespinha ganhou corpo creme e assento em couro caramelo. Para completar o estilo clássico: rodas novas calçadas com pneus faixa branca.

Já o motor foi totalmente desmontado e jateado. Somente foram substituídas as partes que sofreram desgaste em função do tempo e uso como, por exemplo, juntas do cabeçote. A única peça que não é original no motor é o cilindro, maior, de 102 cm3 de capacidade. A opção foi para a Vespinha – originalmente de 50cc – ter um melhor rendimento e torque, principalmente para encarar uma subida ou rodar com garupa. Agora a Vespa de Nunes está mais espertinha. Além disso, toda parte elétrica é nova: chicote, bobina, interruptor etc.

Quase todos os finais de semana Alexandre e Luciana participaram de encontros sempre a bordo de um ícone italiana, além de passeios pela orla de Oeiras. Enfim, um casamento perfeito entre homem e máquina, independente de origem, local ou nacionalidade. E tudo sacramentado na “igreja” de Luciano e Jorge.
Lindo trabalho. Grande Alexandre. Orgulho-me
muitos parabéns , ficou linda a vespa e é um prazer saber que está nova graças a um belo trabalho e muita paixão , beijinho enorme a casal e muito sucesso.
Parabéns ao Alexandre , trabalhei com ele no Brasil , grande profissional só não conhecia esse lado nostálgico dele . Só para mexer com ele estou com um Fusca 74 em vias de restauração.
Parabéns!! Show de bola!! Ficou linda!!
Caro Piano,
que bom que gostou!
Sobre cada moto/carro uma bela história.
Abs e continue acompanhando o MinutoMotor.
Aldo Tizzani
Editor
Meus parabéns pelo seu reconhecimento, abraços amigo Nunes.
Caro Luiz,
A história do Nunes e sua Vespinha é inspiradora!
abs,
Aldo Tizzani
Editor
Belíssimo texto, uma verdadeira história de amor!
Caro Renato,
Obrigado pelas palavras de incentivo.
Sobre cada moto, uma história.
Abs,
Aldo