
Todos os anos, no mês de outubro, vemos extensas campanhas com o objetivo de trazer uma maior conscientização para a necessidade de realização de exames preventivos para uma detecção precoce do câncer de mama. Em paralelo, nos últimos dez anos, em média, a população de mulheres que não apenas acompanham o motociclismo, mas que passaram a uma posição mais central como pilotos, aumentou. Inclusive com movimentos direcionados especificamente a este público como o “Pilote como uma garota”, “Ladies of the Road”, “Aceleradas para Viver”, do grupo Aceleradas; além de marcas envolvendo o motociclismo direcionado especificamente a mulheres como, por exemplo, “Women For The Ride”, da Triumph, e “Legend Ladies”, de Belo Horizonte (MG). Pensando no bem estar da mulher, o MinutoMotor convidou o médico oncologista Daniel Morel para abordar o assunto de forma didática e objetiva todos os cuidados que as mulheres – motociclistas ou não – devem ter. Segue abaixo as orientações:

Apesar de não existir qualquer relação entre pilotar motos e o desenvolvimento de câncer, temos que estar muito atentos à algumas situações que podem ocorrer relativas ao tratamento, que muitos não pensam como “obstáculos” para uma pilotagem segura e eficiente. A depender do estágio da doença – quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de uma doença inicial e por consequência maior possibilidade de cura -, o tratamento envolverá cirurgia além de possíveis combinações de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. E o que tudo isso tem a ver com moto?

O tratamento cirúrgico (a depender do tamanho do nódulo e comprometimento de ínguas na axila) pode ser mais conservador ou um pouco mais agressivo com a retirada destas ínguas. Neste sentido, pode haver uma limitação inicial ao movimento do braço da paciente – que é totalmente recuperável, e em algumas ocasiões necessário fisioterapia. Isto pode em um momento inicial, prejudicar o movimento dos braços que é essencial para a manobra de uma motocicleta. Da mesma forma, que o esvaziamento da axila, quando a paciente pega muito peso com aquele braço, pode levar a um linfedema (inchaço do braço que pode ser doloroso). Agora imagine esta paciente tendo que levantar uma motocicleta do chão em caso de queda?

Da mesma forma, temos que levar em conta as limitações de movimento quando falamos em manobras de baixa velocidade, estacionar e controle da motocicleta. É essencial que saibamos o que conseguimos ou não executar de maneira eficiente, porém sem causar prejuízos ao corpo. Quando é necessário o uso de quimioterapia, temos que lembrar que nenhuma medicação é isenta de efeitos colaterais, porém, com a evolução da medicina, os medicamentos usados hoje em dia têm efeitos que são mais controláveis. Os mais conhecidos são a queda de cabelos, náuseas e vômitos, cansaço e em alguns casos, formigamento nos dedos.

Neste caso, existem medicações de suporte que controlam muito bem estes efeitos indesejados, porém, alguns como o formigamento nos dedos podem levar um certo tempo a desaparecer. Assim, ao pilotar uma moto, a paciente deve estar ciente de uma eventual redução de sensibilidade, ao pressionar os comandos de punho e eventuais manetes de embreagem e freio dianteiro. Claramente, se houver sensação de fadiga ou náuseas, não recomendamos a pilotagem, lembrando sempre de respeitar o seu corpo e seus limites.

Cada vez mais, temos mulheres que são verdadeiras lutadoras e que sobreviveram à doença, podendo relatar a sua história e experiência. E sempre devemos estar atentos a qualquer situação diferente em nosso corpo. Por isso, faça seus exames regularmente, visite seu médico para consultas anuais e tenha sempre em mente, que a estrada da vida está aberta a frente.

Foto Gustavo Urpia / SECOM / Fotos Públicas / R7
Só para reforçar a necessidade de visitas anuais ao médico, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) a doença atinge 60 mil mulheres por ano no Brasil. Por isso a é palavra-chave é prevenção.
Texto: Daniel Morel é motociclista, harleyro há 28 anos e médico oncologista
Excelente texto, Dr. Daniel. Conte comigo nessa campanha!
Oi Aline,
Boa tarde!
Que bom que vc gostou!
Todos juntos pela saúde da mulher.
Abs,
Aldo Tizzani
Editor-chefe